A Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém em Portugal

 

Documento do Séc. XVII (1608)

Dimensões: 520x475 mm

Adquirido em leilão a 9 de Dezembro de 2009, pela Lugar-Tenência de Portugal.

 

Manuscrito sobre pergaminho, datado de Jerusalém, Convento do Santo Salvador, 30 de Janeiro de 1608. Assinatura autógrafa de Frei Cesário de Trino, Comissário e Governador Apostólico da Terra Santa. Confere as insígnias e o grau de Cavaleiro da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém a D. Francisco Montano (ou Montão), natural de Vilar Torpim, termo de Castelo Rodrigo, na sequência da sua peregrinação por vários lugares sagrados da Terra Santa. Manuscrito em letra humanística cancelleresca, a primeira linha em capitais romanas, assinado “frater Cesarius de Trino Guardianus et Commissarius Appostolicus terræ sanctæ”. Falta do selo pendente. Proveniência: Biblioteca Alfonso Cassuto.

 

 

A implantação e a presença da Ordem do Santo Sepulcro em Portugal não estão ainda muito divulgadas, delas havendo referências esparsas, por exemplo em volumes de história eclesiástica, para além do estudo «A Ordem do Santo Sepulcro em Portugal – Notas para a sua História», da autoria de Vasco Valente.

 

Certo é que, dos elementos conhecidos se conclui que a Ordem do Santo Sepulcro se implantou em Portugal desde cedo, tendo possuído mosteiros, senhorios importantes e outras propriedades e sido objecto de doações régias, mas não alcançou a grandeza e destaque que teve noutros países. Por outro lado, não se tem conhecimento da acção militar, entre nós, da Ordem do Santo Sepulcro como corpo organizado, contrariamente ao que sucedeu nos reinos de Aragão e de Castela.

 

A presença da Ordem em Portugal manifestou-se, pois, principalmente através do elemento religioso – os Cónegos do Santo Sepulcro vivendo sob a regra de S. Agostinho.

 

A Ordem era possuidora de diversas propriedades em Portugal, sendo de salientar as de Penalva do Castelo, onde teve o seu primeiro mosteiro (S. Salvador de Trancozelos). Nessa altura era conhecida por Vila Nova do Sepulcro, mais tarde Vila Nova do Mosteiro. Do mosteiro pouco ficou, e da igreja dedicada a Nossa Senhora das Águas Santas, existem ruínas com a cruz da Ordem, inclusive uma numa pedra sepulcral. Deste conjunto fazia parte Cesures (ou Sezures).

 

A Ordem também dispunha de um outro importante mosteiro, o de Águas Santas, na Maia, de traça românica, cuja construção é atribuida aos próprios cónegos-cavaleiros, havendo uma inscrição, na ábside, com a data de 1168. Outros mencionam que foi originalmente dos cónegos de Santo Agostinho e que passou totalmente para a Ordem do Santo Sepulcro em 1340, por doação de D. Afonso IV, tendo então ali fundado um famoso hospital. Pode ter acontecido que as duas Ordens se estabeleceram durante algum tempo em conjunto. Há documentos de 1258 em que D. Afonso III afirma Águas Santas já como pertença da Ordem do Santo Sepulcro. Este Mosteiro abrangia Frei e Freiras em zonas claramente distintas. Num documento do séc. XIII cita como “dona professa do Mosteiro da Ordem do Santo Sepulcro” Sancha Martins. A Ordem era também conhecida simplesmente como Ordem do Sepulcro. Mais tarde, em 1492, este Mosteiro, por bula do Papa Inocêncio VIII, no reinado de D. João II, passou para a Ordem do Hospital, constituindo com Cesures uma sua Comenda.

 

Possuía ainda a Ordem, em outros locais, propriedades, tais como em S. Simão de Gouveia, em Amarante (a Rainha D. Tareja e D. Afonso Henriques coutaram Gouveia, em 1125, e nesse mesmo ano fizeram cedência à Ordem), Santa Maria de Lijó (Neiva, Barcelos), Santa Eulália de Rio Covo (Barcelos, com 11 casais), Sátão (Beira Alta, concelho de Sátão, Viseu, com 1 herdade), Couto do Ladário (Beira Alta, Vila de Ladário, concelho de Sátão, Viseu).

 

 

Resultado da Bula Cum Solerti Meditatione, do Papa Inocêncio VIII, os Cónegos do Santo Sepulcro desapareceram de Portugal, e esta fica reduzida a poucos Cavaleiros. Em 1813 era um Português, o Rev. P. José Maria, Guardião do Santo Sepulcro e do Sacro Monte do Sião (Custódia da Terra Santa).

 

O renascer da Ordem em Portugal processa-se em 1903, com a criação de um Bailiado, o qual passou em 1930 a ser denominado Lugar-Tenência. Na década de 1950 foram criadas as secções, depois delegações, regionais.

 

De acordo com a obra Les Chevaliers du Saint-Sepulcre de Jérusalem, de Jean Pierre de Gennes, existe um manuscrito nos arquivos da Custódia da Terra Santa em Jerusalém, com o rol dos Cavaleiros recebidos entre 1561 e 1847, constituído por 2 tomos (o primeiro abrange os anos 1561 a 1831 e o segundo os anos 1831 a 1848). O primeiro fólio do registo apresenta o seguinte título: Registrum complectens nomina, agnomina et nationes equitum omnium SS.mi Sepulchri, necnom annos, menses, dies, cunctosque Guardianos, a quibus habitu militari quinque rubeis crucibus elaborato insigniti decoratique fuerunt ; ab. Adm. R.P. f. Paulo a Lauda in partibus Orientis apostolico comm.rio, Terrae Sanctae custodi ac Sacri Montis Sion guard.o in meliorem ordinem redactus anno Domini 1633 ou seja Registo contendo os nomes, sobrenomes, nações de todos os cavaleiros do Santo Sepulcro, com ano, mês e dia da sua recepção, bem como os nomes dos Guardiães que lhes impuseram o hábito militar de cinco cruzes vermelhas; tudo feito na melhor ordem a pedido de R.P. Frei Paulo de Lauda, comissário apostólico no Oriente, custódia da Terra Santa e guardião do sacro Monte Sião, no ano do Senhor 1633.

 

Estes manuscritos foram divulgados nas obras Liber de Oro de la Sagrada Orden militar del Santo Sepulcro de N.S. Jesuscristo que contiene los nombres de los Caballeros de dicha Orden creatos por los reverendissiomos Padres Guardianos del Santo Sepulcro desde el ano 1561 al de 1848, por C. Odriozola, Zaragoza, 1900; Collectanea Terrae Sanctae ex Archivo Hierosolymitano deprompta, por L.Lemmens e editado por H. Golubovich, Quarrachi, 1933 (constitui o Tomo XIV da Bio-Bibliografica della Terra Santa, publicada por G. Golubovich, pp. 253-254); e agora na edição fac-similada da Custodia di Terra Santa, Milano 2006, com o título Registrum Equitum SSMI Sepulchri Domini Nostri Jesu Christi - 1561-1848.

 

Com base nesta edição da Custodia di Terra Santa, e no livro do Comte Pasini-Frassoni, Charles - Histoire de l'Ordre Militaire du Saint-Sépulcre de Jérusalem, publicada pelo Collège Héraldique, Rome, s/d (provável 1906), foi possível confirmar as admissões entre 1561 e 1903.


A Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém em Portugal

 

Documento do Séc. XVII (1608)

Dimensões: 520x475 mm

Adquirido em leilão a 9 de Dezembro de 2009, pela Lugar-Tenência de Portugal.

 

Manuscrito sobre pergaminho, datado de Jerusalém, Convento do Santo Salvador, 30 de Janeiro de 1608. Assinatura autógrafa de Frei Cesário de Trino, Comissário e Governador Apostólico da Terra Santa. Confere as insígnias e o grau de Cavaleiro da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém a D. Francisco Montano (ou Montão), natural de Vilar Torpim, termo de Castelo Rodrigo, na sequência da sua peregrinação por vários lugares sagrados da Terra Santa. Manuscrito em letra humanística cancelleresca, a primeira linha em capitais romanas, assinado “frater Cesarius de Trino Guardianus et Commissarius Appostolicus terræ sanctæ”. Falta do selo pendente. Proveniência: Biblioteca Alfonso Cassuto.

 

 

A implantação e a presença da Ordem do Santo Sepulcro em Portugal não estão ainda muito divulgadas, delas havendo referências esparsas, por exemplo em volumes de história eclesiástica, para além do estudo «A Ordem do Santo Sepulcro em Portugal – Notas para a sua História», da autoria de Vasco Valente.

 

Certo é que, dos elementos conhecidos se conclui que a Ordem do Santo Sepulcro se implantou em Portugal desde cedo, tendo possuído mosteiros, senhorios importantes e outras propriedades e sido objecto de doações régias, mas não alcançou a grandeza e destaque que teve noutros países. Por outro lado, não se tem conhecimento da acção militar, entre nós, da Ordem do Santo Sepulcro como corpo organizado, contrariamente ao que sucedeu nos reinos de Aragão e de Castela.

 

A presença da Ordem em Portugal manifestou-se, pois, principalmente através do elemento religioso – os Cónegos do Santo Sepulcro vivendo sob a regra de S. Agostinho.

 

A Ordem era possuidora de diversas propriedades em Portugal, sendo de salientar as de Penalva do Castelo, onde teve o seu primeiro mosteiro (S. Salvador de Trancozelos). Nessa altura era conhecida por Vila Nova do Sepulcro, mais tarde Vila Nova do Mosteiro. Do mosteiro pouco ficou, e da igreja dedicada a Nossa Senhora das Águas Santas, existem ruínas com a cruz da Ordem, inclusive uma numa pedra sepulcral. Deste conjunto fazia parte Cesures (ou Sezures).

 

A Ordem também dispunha de um outro importante mosteiro, o de Águas Santas, na Maia, de traça românica, cuja construção é atribuida aos próprios cónegos-cavaleiros, havendo uma inscrição, na ábside, com a data de 1168. Outros mencionam que foi originalmente dos cónegos de Santo Agostinho e que passou totalmente para a Ordem do Santo Sepulcro em 1340, por doação de D. Afonso IV, tendo então ali fundado um famoso hospital. Pode ter acontecido que as duas Ordens se estabeleceram durante algum tempo em conjunto. Há documentos de 1258 em que D. Afonso III afirma Águas Santas já como pertença da Ordem do Santo Sepulcro. Este Mosteiro abrangia Frei e Freiras em zonas claramente distintas. Num documento do séc. XIII cita como “dona professa do Mosteiro da Ordem do Santo Sepulcro” Sancha Martins. A Ordem era também conhecida simplesmente como Ordem do Sepulcro. Mais tarde, em 1492, este Mosteiro, por bula do Papa Inocêncio VIII, no reinado de D. João II, passou para a Ordem do Hospital, constituindo com Cesures uma sua Comenda.

 

Possuía ainda a Ordem, em outros locais, propriedades, tais como em S. Simão de Gouveia, em Amarante (a Rainha D. Tareja e D. Afonso Henriques coutaram Gouveia, em 1125, e nesse mesmo ano fizeram cedência à Ordem), Santa Maria de Lijó (Neiva, Barcelos), Santa Eulália de Rio Covo (Barcelos, com 11 casais), Sátão (Beira Alta, concelho de Sátão, Viseu, com 1 herdade), Couto do Ladário (Beira Alta, Vila de Ladário, concelho de Sátão, Viseu).

 

 

Resultado da Bula Cum Solerti Meditatione, do Papa Inocêncio VIII, os Cónegos do Santo Sepulcro desapareceram de Portugal, e esta fica reduzida a poucos Cavaleiros. Em 1813 era um Português, o Rev. P. José Maria, Guardião do Santo Sepulcro e do Sacro Monte do Sião (Custódia da Terra Santa).

 

O renascer da Ordem em Portugal processa-se em 1903, com a criação de um Bailiado, o qual passou em 1930 a ser denominado Lugar-Tenência. Na década de 1950 foram criadas as secções, depois delegações, regionais.

 

De acordo com a obra Les Chevaliers du Saint-Sepulcre de Jérusalem, de Jean Pierre de Gennes, existe um manuscrito nos arquivos da Custódia da Terra Santa em Jerusalém, com o rol dos Cavaleiros recebidos entre 1561 e 1847, constituído por 2 tomos (o primeiro abrange os anos 1561 a 1831 e o segundo os anos 1831 a 1848). O primeiro fólio do registo apresenta o seguinte título: Registrum complectens nomina, agnomina et nationes equitum omnium SS.mi Sepulchri, necnom annos, menses, dies, cunctosque Guardianos, a quibus habitu militari quinque rubeis crucibus elaborato insigniti decoratique fuerunt ; ab. Adm. R.P. f. Paulo a Lauda in partibus Orientis apostolico comm.rio, Terrae Sanctae custodi ac Sacri Montis Sion guard.o in meliorem ordinem redactus anno Domini 1633 ou seja Registo contendo os nomes, sobrenomes, nações de todos os cavaleiros do Santo Sepulcro, com ano, mês e dia da sua recepção, bem como os nomes dos Guardiães que lhes impuseram o hábito militar de cinco cruzes vermelhas; tudo feito na melhor ordem a pedido de R.P. Frei Paulo de Lauda, comissário apostólico no Oriente, custódia da Terra Santa e guardião do sacro Monte Sião, no ano do Senhor 1633.

 

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